Denúncias e reivindicações: atingidas publicam Carta Final da Jornada Nacional de Luta das Mulheres 

Fruto dos quatro dias do encontro realizado em Brasília na última semana, o documento apresenta denúncias, reivindicações e propostas para derrotar o patriarcado e construir um mundo mais justo

Jornada Nacional reafirmou as lutas dos atingidos do país e a urgência em derrotar o imperialismo e o patriarcado. Foto: Anthony Luiz / MAB
Jornada Nacional reafirmou as lutas dos atingidos do país e a urgência em derrotar o imperialismo e o patriarcado. Foto: Anthony Luiz / MAB

Em todo o Brasil, são mais de mil mulheres em 20 estados que começam a semana um pouco diferentes. As participantes da Jornada Nacional das Mulheres Atingidas viveram quatro dias intensos na capital do país e seguem as lutas em seus territórios fortalecidas pelo coletivo, reverberando os debates e retomando o compromisso frente às necessidades das populações atingidas.

Como forma de sintetizar a Jornada e reafirmar as demandas dos atingidos e atingidas, as participantes publicam nesta segunda-feira (09), a Carta Final da Jornada, que inicia com um alerta fundamental: “Somos as principais vítimas do processo de construção e dos crimes de rompimento de barragens, e também somos quem mais tem sofrido diante dos eventos extremos causados pela crise climática. Também estamos perdendo direitos, sendo ameaçadas e sofrendo violência diante da ascensão do fascismo”.

Cleidiane Barreto e Soniamara Maranho leram a carta final no último dia da Jornada. Foto: Marta Fleita / MAB
Cleidiane Barreto e Soniamara Maranho leram a carta final no último dia da Jornada. Foto: Marta Fleita / MAB

O documento, lido na plenária final da Jornada, segue ressaltando que as mulheres se mantêm firmes na linha de frente na defesa de seus territórios e na mobilização por justiça social, e afirma que “só a luta coletiva garante conquistas e que a organização é a força do nosso Movimento”.

Na Carta, as atingidas denunciam a crise climática causada pelo modelo de acumulação capitalista; o atual modelo energético, que saqueia nossos bens naturais estratégicos; o patriarcado e a violência contra as mulheres; o PL da Devastação; a inaceitável e abusiva taxa de juros e; o genocídio do povo Palestino por Israel.

O texto também reivindica a urgência da regulamentação da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB) e da criação de um Fundo para os atingidos do Brasil, além de um órgão de Estado que acompanhe as pautas e as reivindicações dos atingidos. As mulheres pedem, ainda, pela redução do índice da taxa de juros por parte do Comitê de Política Monetária (Copom) e pelo veto do PL da Devastação.

Decididas em continuar organizando as mulheres atingidas, para cada vez mais serem protagonistas da luta por direitos, se comprometem a seguir em luta na defesa da democracia e pela construção do projeto energético popular, em articulação com a Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia e outros movimentos populares.

Confira aqui a Carta na íntegra


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